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« Senhor Pessoa... Sente-se bem, senhor Pessoa?
Uns olhos grandes, de mulher, olham-no de forma perscrutante.
Dois universos a tentarem mergulhar nos seus.
- Bem, não posso dizer que me sinta. Se nem sei bem onde estou... Morri?
A mulher sorri, e sorriem também os seus olhos esverdeados, contorcidosem pequenas rugas de expressão que enchem o seu rosto de uma beleza
sem artefactos.
- Não se preocupe, está do lado dos vivos. Mas dos vivos a precisarem de cuidados, para não irem para o lado de lá.»
28 de novembro de 1935. Fernando Pessoa dá entrada no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, acometido de fortes dores no abdómen. A cumprir o seu turno, a enfermeira Alice procura tratar-lhe não só das dores físicas, mas também das maleitas da alma, desafiando-o a recordar a sua história, tão marcada pela presença de tantas figuras femininas.Fernando Pessoa viveu a vida inteira rodeado de mulheres e, ainda assim, reclamando da sua inabilidade para lidar com elas. As mulheres da família, como a mãe Maria, que parecia carregar o mundo às costas; as irmãs, que devolviam a Fernando Pessoa a sua infância perdida; Dionísia, a avó louca; as tias-avós «generalas»; a tia Anica e as sessões espíritas que organizava na sua casa... Também as mulheres com quem podia ter casado, como a eterna namorada Ofélia ou a inglesa Madge. As mulheres que o influenciaram, entre as figuras mais místicas do teu tempo e as escritoras que tentavam, tantas vezes em vão, afirmar-se. E as mulheres que o rodeavam: as empregadas, as vizinhas, as mulheres por quem morriam de amores os amigos...Num tempo em que tanto se discutia o papel da mulher na vida pública e privada discussão que se arrasta até aos dias de hoje , Fernando Pessoa é levado a questionar-se sobre a forma como cada uma das mulheres com quem se cruzou terá influenciado o seu percurso. A sua obra. O seu destino.